sexta-feira, novembro 21, 2008

Tecnodoping em risco

Texto de Nuno Filipe in Jornal O Jogo de 19-11-2008
Foram precisos 89 recordes do Mundo (54 em piscina olímpica e 35 em curta) [Nota BA. foram 36 em curta, logo 90 no total] em apenas dez meses de competição em 2008, vários dos quais estratosféricos e obtidos por atletas até então medianos, para que os dirigentes da Federação Internacional (FINA) estranhassem e prometessem pensar de modo sério o futuro dos fatos de competição. Não menos importante é o detalhe de dez destes recordes terem sido obtidos já depois dos Jogos Olímpicos e em plena "época baixa" das competições.

As hostilidades foram abertas pela Speedo, com os LZR construídos em Portugal, mas depressa Arena, Tyr e até a desconhecida Blueseventy entrarem na guerra da tecnologia. Os recordes que começaram a cair por todo o Mundo ajudaram a encher alguns cofres, com contratos publicitários, mas houve mesmo quem se questionasse se Michael Phelps teria conseguido as oito medalhas de ouro olímpicas sem a "ajuda" do chamado tecnodoping.

As primeiras contrariedades começaram entretanto a surgir. A Nike abandonou a natação, os fatos rareiam, são caros e entregues de modo discriminatório (muitos atletas queixam-se de estarem meses à espera sem sucesso). Mas as marcas são alucinantes e treinadores ouvidos pelo site "Swimnews" questionam se alguns dos novos recordistas saberiam nadar no topo sem a ajuda dos fatos, embora o pragmatismo tome conta das ideias de alguns: "Enquanto o dinheiro continuar a entrar, eles pouco se vão importar com os danos que estão a causar à natação".

O todo-poderoso Cornel Marculescu, director-executivo da FINA, admitiu este fim-de-semana, pela primeira vez, rever as regras: "É altura de respirarmos e repensarmos a questão dos fatos. Não pode haver dúvidas que eles influenciam as performances. Agora temos a certeza que alguma coisa há e precisamos de estabelecer o limite".

Fevereiro promete ser um mês importante, porquanto está aprazada uma reunião alargada na FINA para discutir a questão. Até lá está aberto prazo de reflexão, "onde todos os contributos serão bem-vindos" referiu o responsável executivo de modo a que as conclusões (e novas soluções) possam vir a ser apresentadas até ao Mundial de Roma, no Verão do próximo ano.

A verdade é que 2008 ficará, para o bem e para o mal, como o ano em que foram batidos mais recordes na história da natação. Alguns dos tempos estabelecidos, caso os fatos venham a ser banidos ou restringida a utilização, prometem durar muitos e bons anos. Até que uma nova tecnologia volte a ajudar a subverter a verdade do cronómetro…

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23 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Idade das trevas a chegar à natação? quando se vive na época da tecnologia vai agora querer-se que esta seja banida da natação? se o problema é os recordes durarem muitos anos pergunto se Janet Evans também usava LZR? ou por serem fabricados em Portugal os LZR foi dado o primeiro a Alexandra Silva? Se o Phelps ganhou as 8 medalhas a ele próprio as deve e a prova provada é o facto de muitos outros nadadores terem nadado com LZR e não terem, alguns deles, nem às meias finais chegado.

Continua-se a querer desincentivar as pessoas de abraçarem a natação como seu desporto favorito e depois queixam-se que não há patrocínios, não há assistência, não há atletas. A natação, como tudo na vida, está no século XXI e não na Idade da Pedra. Quando uma actividade, seja ela qual for, não puder evoluir em todos os sentidos, e na tecnologia também, essa actividade vai ser abandonada pelas pessoas e substituída por outras actividades que se deixem evoluir.
Se é verdade que se pode nadar, e competir, com fatos de banho não evoluídos tecnologicamente, também é possível viver sem carros, sem telemóveis, sem televisão, sem tanta coisa mas que ninguém dispensa e consideram essencial à sua vida quotidiana. Porque será que há tanta guerra contra a evolução tecnológica na natação?
Para mim o único motivo é o económico, o facto de marcas de material desportivo não quererem investir e dessa forma serem preteridas por outras que investem e progridem acabando as primeiras por desaparecerem do mercado

sexta-feira, novembro 21, 2008 9:39:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Até certo ponto até concordo, é como tudo na vida, temos de evoluir!
Por outro lado, nem todos têm acesso à tecnologia (tb como em tudo...). Será isso justo? Não se deveria competir em igualdade de circunstâncias?
Porque é que a tecnologia, ou o $$$$, deve influenciar os resultados?

Pois é, uma moeda tem 2 faces, cada realidade tem duas perspectivas (pelo menos), sem ter necessariamente de ser uma melhor que a outra...

sexta-feira, novembro 21, 2008 10:26:00 da manhã  
Blogger Alexandre Fernandes said...

Sempre houve e não deixará de haver uns que tenham mais facilidade no acesso à tecnologia do que outros. Não concordo que se retire a oportunidade das coisas evoluirem, neste caso concreto em relação ao chamado tecnodoping, até porque ele não é exclusivo da natação. Há no atletismo, nas botas de futebol, etc.
Imaginem retirar a electrónica e os actuais apêndices aerodinâmicos aos carros de F1 e aos WRC para ver o que lhes aconteceria!

sexta-feira, novembro 21, 2008 12:27:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Dois exelentes comentários! A meu ver o problema da tecnologia (para os países e clubes pequenos como o nosso) a médio longo prazo, irá tornar a natação num desporto elitista, o que criará muitas dificuldades, já que acredito que os fatos passarão a ser bem mais caros do que são na actualidade (mesmo o LZR).
Se forem criadas medidas progressivas e graduais que controlem esta parte e que o mercado capitalista não entre a "matar" neste ramo, não vejo porque não hajam melhorias para quem quer competir ao mais alto-nível.
Não querendo ser pessimista, resta saber se será bom para os nossos atletas, já que estes não competem a nível internacional em pé de igualdade (condições, etc)e se este mercado se expandir em demasia, será algo insuportável para muitos e aí sim, perderemos muitos atletas. Pergunto eu, quantas pessoas conseguem ser pilotos de Formula 1, Tenistas e Motociclistas?
Não é para quem quer mas sim para quem pode!
Será bom para a natação chegarmos a esse ponto?
Abraços e boas braçadas

sexta-feira, novembro 21, 2008 12:46:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

mas na F1 e no WRC o que compete para alem do piloto é o carro. é a tecnologia de ponta e mesmo ai há limites...
devia tudo andar de tanga... e ai não havia forma de uns terem mais que os outros. ai o mais rapido era o melhor... ( se não houver doping, mas isso nãoé controlavel)

sexta-feira, novembro 21, 2008 2:44:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Não se preocupem... Aposto que o Niz irá oferecer LZRs a quem não tiver condições para comprar um!

sexta-feira, novembro 21, 2008 2:53:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Uma tremenda estupidez,

sexta-feira, novembro 21, 2008 3:10:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Não é verdade que proibindo os fatos LZR e afins se ponha os nadadores todos em pé de igualdade. Não é verdade que a única diferença entre os nadadores seja o usarem um LZR para além das qualidades naturais individuais.
Se se proibem os fatos de alta tecnologia para se pôr os nadadores em pé de igualdade também se terá de proibir as consultas de nutricionismo, o acompanhamento médico desportivo, as massagens, o treino em altitude, todo e qualquer utensílio que se usa nos treinos, o recurso a tecnologias informáticas para obsevação de erros técnicos, no limite até o treino em piscina de 50 metros e tantas outras coisas que não passam pela cabeça de ninguém proibir. E não causam polémica porquê? exclusivamente porque as marcas fabricantes de fatos de competição não vão ter qualquer lucro ou prejuízo na proibição dessas condições.

Esta polémica dos fatos não passa de uma guerra entre marcas. Entre as marcas que conseguiram investindo fabricar um fato de alta tecnologia e as marcas que ou não conseguiram chegar a essa tecnologia ou preferiram não investir na tecnologia e voltar as suas baterias para a proibição administrativa dos fatos.

Já outra coisa é esses fatos existirem em quantidade suficiente para todo o nadador que o pretenda comprar o possa fazer. As medidas que a FINA deveria implementar terão, na minha prespectiva, de ser no sentido de as marcas fabricarem os fatos em número que permita todos os nadadores poderem adquirir os fatos que queira e quando quiser. Com essa medida passa a haver fatos em número suficiente para todos e como a oferta passa a ser maior tanmbém os preços baixarão como acontece sempre

sexta-feira, novembro 21, 2008 5:20:00 da tarde  
Blogger Nightkid said...

boa tarde. LZR realmente e uma maravilha da tecnologia na natacao, e neste momento agradeco a este fato por estar a dar protagnonismo a natacao(embora pelas ciorcusntancias) num pais governado pelo futebol. agora a questao em si do lzr e pretinente, porque ajuda o atleta realmente, melhora-se e muito!, mas atencao que quem faz o atleta nao e o fato, mas sim o treino diario do atleta em causa. Michel Phleps ate nada no natal!(fonte:Rita Siza, Washington, 18.08.2008) ele iria ganhar a mesma as medalhas, e certamente bater alguns records. para mim, ja que se deixou entrar o LZR que continue... daqui a uns tempos todos os cadetes vao ter(ironia) por isso e me indeferente, quem compete em alta competicao vai ter esses fatos, aí nao muda muita coisa.
obrigado ate qualquer dia

sexta-feira, novembro 21, 2008 5:22:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

queria saber como é que os meninos e meninas têm um LZR para cada um?
mas não importam nem com isso nos ganham!

sexta-feira, novembro 21, 2008 10:43:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

os meninos e as meninas terão um LZR se o comprarem e não se deixarem roubar

sexta-feira, novembro 21, 2008 11:30:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Eu não concordo em tirar os LZRs da nataçao!
Para mim devia de haver provas q era livre de se usar fatos, e outras provas a ver quem era o rei verdadeiro da natação, estes campeonatos deveria ser tdo de tanga. Queria ver quantos e q de tanga, cm grande cabelo, sem touca e de swedish bateriam o redord do popov!
É estúdipo mas é assim!
Quando o phelps ganhou as 8 medalhas nunca se referiram ao LZR, mas sim as suas caracteristicas foras do comum(um corpo proprio para a natação!), que comia que nem um cavalo! e os treinos dele!
Ganhou 8 medalhas, e acham q foi por causa do LZR? Que eu sei e que todas as provas que ele ganhou por uma unha negra os seus adeversários estavam com o LZR igual ao dele!
Se fosses por causa do LZR o Hacket tinha ganho os 400 livres à vontade pois foi o unico que usou um LZR completo!
Continuo a achas que se devia fazer 2 tipos de campeonatos! o de fatos! e o de tudo de tanga!

=D

domingo, novembro 23, 2008 10:06:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Qualquer pessoa com mentalidade ligada a natação percebe que existe vantagens como desvantagens em relação ao Lzr. Claro e como já foi referido como tudo na vida há a evolução , tal como no tenis(melhores raquetes), como no altetismo(melhores sapatilhas)ou qualquer desporto, existe a tal evolução, agora resta saber ... Será que há uma certa injustiça entre os atletas?

No meu ver , o Lzr foi e é um fato que marca a natação se for retirado agora e considerado tecnodoping acredito que mais tarde volte novamente a existir um fato que volte a ser "barrado". Acho que chegou a vez de os atletas olharem aos treinos e ao esforço e não aos fatos.

domingo, novembro 23, 2008 10:14:00 da tarde  
Blogger Luis K. W. said...

A medida (parece que) tomada em Itália de PROIBIR qualquer tipo de fatos até uma determinada idade, parece-me correcta.

Evitar-se-ia alguma discriminação (há pais e países mais ricos que outros), e que os pais das crianças menos dotadas vão a correr comprar um LZR só para verem o filho ganhar ao do parvalhão do vizinho.

Luís
PS: Cá para mim os LZR deviam ser só para maiores de 50 anos ;-)

segunda-feira, novembro 24, 2008 2:02:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Sim, caro LKW, se há coisa com piada é ver aquelas provas de masters e ver as barriguinhas de cerveja dentro dos LZR's!

segunda-feira, novembro 24, 2008 2:31:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Ideia interessante essa de 2 tipos de provas: umas com LZR e outras com a sua proibição. Passaria então a ser uma ideia genial quando vissemos as provas com LZR a decorrerem e as provas onde era proibido o uso de LZR sem participantes, pelo menos de primeira linha
Ideia genial

segunda-feira, novembro 24, 2008 2:47:00 da tarde  
Blogger Luis K. W. said...

Confirma-se. Comunicado da F.Italiana de Natação:
http://www.federnuoto.it/nuoto.asp?p=articolo&id=15049
(...)
La Federazione ha deliberato che con decorrenza dal 26 Maggio 2008:
nelle competizioni della Categoria Esordienti organizzate e/o autorizzate dalla F.I.N. non è consentito l’utilizzo di costumi integrali (modello body-suit );
nelle competizioni delle Categorie Ragazzi e Juniores organizzate e/o autorizzate dalla F.I.N. non è consentito l’utilizzo di costumi che adottino soluzioni tecnologiche di nuova generazione.

La Federazione ha deliberato che con decorrenza dal 1 Ottobre 2008:
nelle competizioni delle Categorie Ragazzi organizzate e/o autorizzate dalla F.I.N. non è consentito l’utilizzo di costumi integrali (modello body-suit) di qualsiasi tipo e tecnologia.

Comentário(http://www.swimnetwork.com/blogs/blog/20080528/italians_ban_lzr-851.html) by David Cromwell
The Federation stated they made the rule because it is "unacceptable...that athletes in training, particularly those in youth competition, can be induced to think that they will build their swimming careers through technology, rather than engaging in daily training."
Italian Swimming also declared that the "economic differences that may make [the new suits] unavailable for some" played a major role in the decision.

segunda-feira, novembro 24, 2008 6:52:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Muito bem, vamos copiar os exemplos da Itália: nas proibições dos avanços tecnológicos na natação, na implementação da greve siciliana da recolha do lixo, na omnipresença da mafia na sociedade italiana, enfim, em tudo que são bons exemplos italianos

segunda-feira, novembro 24, 2008 10:03:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Já sou nadador a muitos anos e acreditem a coisa que me dá vontade pa rir, é ver miudinhos de 12,13 anos a nadar com o fato só pa imitar um atleta de maior idade. Itália fez muito bem, a fpn devia tomar medidas se quer ver a natação portuguesa evoluir.

quarta-feira, novembro 26, 2008 9:20:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

ah és tu que toda a gente aponta de teres tanto riso e tão pouco siso nas provas dos miudinhos de 12, 13 anos...

quarta-feira, novembro 26, 2008 10:03:00 da tarde  
Blogger Luis K. W. said...

Estão a ver aqueles fatos de licra que vão dos pé à cabeça que alguns sprinters dos 100m planos (atletismo) usam?
Agora imaginem crianças de 13 anos a usarem-nos em torneios inter-escolas da vila da Merdaleja ou de Cagalhufa-de-baixo.
Ridículo, não é?
Mas usarem LZR de 600 ou 700 euros já não é ridículo?
Luís

quinta-feira, novembro 27, 2008 7:29:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

LKW
os LZR não custam 600 nem 700 euros mas menos que 400 e não passa a ser ou deixar de ser ridículo usar LZR pelo preço que os fatos custam. Esse argumento do preço é que é ridículo ou será ridículo alguém querecomprar um plasma que custa mais de 3000 euros enquanto pode comprar uma televisão para ver os mesmo sprogramas por menos de 100 euros? cada um tem de ter o direito de fazer do seu dinheiro aquilo que bem quizer e bem lhe apetecer

Argumentos de que os LZR são caros e por isso não devem ser permitidos são totalmente desprovidos de bom senso e típicos de sociedades como a Coreia do Norte onde tudo é controlado por elites não deixando às pessoas decidirem da sua vida

Arranjem outros argumentos mas o do preço não é minimamente aceitável

sexta-feira, novembro 28, 2008 9:32:00 da manhã  
Blogger Luis K. W. said...

Caro anónimo das 9:32,
Quem te lê fica a pensar que és vendedor ou fabricante de LZR...

Lê então o que escrevi em cima, "apagando" a referência ao preço. O ridículo mantém-se.

A minha irmã já nadava mariposa e fazia cambalhotas de crawl aos 4 anos, facto comprovado na primeira competição oficial em que participou (organizada pela ANL, em 1966).
(Mais tarde seria uma das melhores nadadoras portuguesas)

Pelo teu raciocínio, se fôsse hoje, os pais de tal fenómeno deveriam (se pudessem) adquirir um LZR para ela todos os 3 ou 4 meses até ela ser campeã e recordista nacional, não?

O meu raciocínio é ao contrário: primeiro têm de ser bons, depois é que se compra o equipamento que permite melhorar a performance.

Em resumo, o percurso normal devia ser:
1.º aprendam a nadar;
2.º aprendam a nadar (outra vez);
3.º se forem mesmo bons, se tiverem vocação para uma vida de sacrifícios, etc., passem à competição;
4.º QUANDO FOREM CRESCIDOS (já com muitos anitos nisto), invistam em equipamento topo de gama.

Luís

sexta-feira, novembro 28, 2008 3:56:00 da tarde  

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