sábado, janeiro 16, 2010

Alexandre Agostinho: “Quero chegar ao topo da natação mundial”

Entrevista por João José Pedro in Jornal A Bola de 12-01-2009
O jovem nadador algarvio (23 anos) do Portinado superou tudo e todos na última época, alcançando sucessivos recordes nacionais. Tornou-se nos Campeonatos de piscina curta de Istambul o primeiro português a disputar a final de 100 metros livres num Europeu. Êxitos fundamentais para ser considerado um dos melhores nadadores nacionais da actualidade.

Muito cedo iniciou uma carreira que não tem fim à vista, mas pelo meio praticou futebol, judo e tem o râguebi como desporto de eleição. Como nasceu o gosto pela natação?
Aos quatro anos foi-me diagnosticada uma escoliose e o médico aconselhou-me a nadar. De imediato iniciei as aulas de natação. A partir daí comecei a ganhar gosto... até chegar ao patamar em que estou hoje.
Normalmente, um algarvio tem alguma dificuldade em se manter no topo. Qual a receita para ter conseguido fugir às estatísticas?
Esta região tem atletas com muitas capacidades. Os maiores problemas surgem quando os jovens chegam à altura de entrar para a faculdade. Como são obrigados a deixar a sua terra, rumo a Lisboa, Porto ou Coimbra, acabam por se afastar um pouco do desporto. No meu caso tive sorte, porque estudei sempre no Algarve.
Até ao momento, a carreira tem correspondido às expectativas traçadas?
No início não acreditava que pudesse atingir este nível, mas como o conquistei, agora, desejo chegar mais alto. Vou continuar a trabalhar com dedicação para fazer algo que alegre os portugueses.
Sente-se satisfeito como atleta do Portinado?
Em termos de metodologia de treino e de treinador sinto-me feliz, porque estou no melhor clube de Portugal. O maior problema são as condições de trabalho, uma vez que não temos piscina de 50 metros. O espaço da piscina actual é muito reduzido para o número de nadadores que a utilizam.
Formou-se recentemente em fisioterapia, como conciliou os treinos com os estudos?
Posso gabar-me de nunca ter chumbado nem faltado a um treino. Tive sorte de os professores serem compreensivos, pois coloquei sempre o desporto à frente dos estudos.
Ao contrário da maioria dos atletas, só agora chegou ao topo da natação. Tratou-se de um percurso programado?
Foi planeado desta forma, porque o clube tem uma metodologia de trabalho que só frutifica a longo prazo. Importante é nunca queimar etapas no período em que estamos a evoluir.
É um velocista, ao ponto de, actualmente, deter todos os recordes nacionais de 50 e 100 livres em piscina curta e longa. Está preparado para manter este nível por muito tempo?
Claro que sim. Trabalho para melhorar ainda mais, uma vez que ainda sinto que estou aquém do que posso fazer. O que alcancei até agora foi só uma amostra.
Perante essa ambição até onde pode chegar?
O meu desejo é chegar ao topo da natação mundial, com presença regular em finais.
Em Dezembro tornou-se no primeiro português a disputar a final da prova rainha, 100 m livres, num Europeu. Como recorda esse dia?
Foi o momento mais alto da carreira. Inesquecível mesmo, pois estive ao lado dos melhores da Europa e do Mundo. Tratou-se de uma experiência muito enriquecedora.
Gostaria de ser o melhor velocista da Europa?
É um pouco complicado. Não quero criar grandes expectativas, mas é claro que desejo ser conhecido como um dos mais velozes da Europa.
Foi um ano sensacional, uma época cheia de recordes...
Um ano maravilhoso! Fui crescendo como... uma bola de neve.
O que o levou a rejeitar convites dos Estados Unidos?
Devo dizer que estou arrependido de não ter aceite. Sei que nos EUA os atletas têm sempre muita gente a puxar, enquanto aqui treino praticamente sozinho. Mas agora só pondero sair depois dos Jogos Olímpicos de Londres 2012.
Tem alguma ambição de se tornar profissional?
É um dos meus objectivos. Mas faltam apoios para dar esse passo. Sei que os resultados podem trazer os apoios indispensáveis.
O seu maior rival é o Tiago Venâncio, ex-detentor dos seus recordes?
Há um ano era melhor do que eu, daí ser o alvo a abater. Se se empenhar pode continuar a ser o melhor e, quem sabe, tornar-se o mais veloz do Mundo.
E quanto a próximas metas?
Realizar um grande Europeu de piscina longa, em Budapeste. Condição física? Nunca fui um nadador muito musculado, daí não estar preocupado com isso.

Etiquetas:

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Um nadador humilde e com a cabeça no lugar.
Continuação de um bom trabalho Alexandre.

domingo, janeiro 17, 2010 2:26:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Realmente é de tirar o CHAPEU, ser atleta no nosso país, tirar o curso, nunca ter chumbado e nunca ter faltado a um treino???!!!!!
PARABENS.....ONDE TIROU O CURSO? QUANTOS ANOS É O CURSO?
MAIS UMA VEZ PARABENS!!!

quarta-feira, janeiro 20, 2010 10:02:00 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home