quinta-feira, julho 22, 2010

Arseniy Lavrentyev: “Custa não ir ao Mundial”

Entrevista de Miguel Candeias in Jornal A Bola de 29-06-2010
Arseniy Lavrentyev foi sétimo na etapa de Setúbal e assume desalento por não ir ao Canadá. Velocidade é o calcanhar de Aquiles. Abandono de Daniela Inácio deixou-o surpreendido. Juntando o facto de ser a única prova europeia do Circuito Mundial de águas abertas com o de surgir como a última etapa antes do Mundial de Roberval (Canadá) daqui a três semanas, a V Taça do Mundo de Maratonas Aquáticas de Setúbal do passado fim-de-semana teve a maior e mais elitista participação de sempre. Arseniy Lavrentyev foi, uma vez mais, o melhor português, repetindo o 7.º lugar de 2009, a escassos 14 segundos do vencedor, o alemão Thomas Lurz (2:01.05,6h), campeão mundial dos 5 e 10 km e bronze nos Jogos de Pequim-08.

Apesar do grande desempenho, quisemos saber se voltar a ser 7.º não sabia a pouco para quem se sentia em boa forma. «Podia ter sido melhor mas cada prova é experiência única. Já sei que cometi erros mas também é com eles que se ganha experiência. Estou dedicado às águas abertas apenas há quatro anos e só agora comecei a sentir-me confortável nestas distâncias de 10 km e a saber dosear o esforço», conta o luso-ucraniano, de 27 anos. E que tipo de erros foram esses?

«Alguns a nível táctico, como quando assumi o primeiro lugar na quarta volta. Desgastei-me e com esse esforço faltaram forças na recta final». O que falta então para poder ser mais ambicioso? Sprint? «Exactamente. Ainda tenho dificuldade com a velocidade. É algo que terei de treinar, onde passo quase cinco horas diárias. Estou pronto para sofrer», garante o atleta do Algés.

Objectivo era melhorar
A melhor classificação de Lavrentyev em Setúbal continua a ser um 4.º lugar, em 2007. Competia ainda como ucraniano. Será que custa ainda não ter feito o mesmo como português? «Curiosamente pensei nisso durante a prova.

Desejava ter melhorado mas este ano os adversários eram demasiado fortes», conta. «2007 foi uma edição complicada, a água estava a 16° C, que é mais confortável para mim que os 18/19° C que agora se sentiam. É calor a mais para mim», diz com um sorriso.

«Estou a preparar-me para os 23/25° C que deverão estar no Europeu de Budapeste, em Agosto. Para nadar mais confortável ando a perder massa gorda. Já emagreci 3 kg mas terei de abater outros 4/5 kg. O objectivo é ficar com cerca de 93 kg».

É complicado estar ao melhor nível internacional havendo apenas Portugal como etapa europeia do circuito mundial? «Claro que sim. Até porque existem situações que apenas encontramos em competição. Nos treinos, por muito que tentemos, quer no mar ou em piscina, não andamos sequer perto do ritmo de Setúbal. E depois faltam os adversários e tudo o que eles provocam».

Então quais ambições para Euro, onde haverá cerca de quatro dezenas de atletas? «Dar o melhor e terminar entre 14/16 primeiros. Será mais complicado devido à temperatura da água».

E custa não ir ao Mundial daqui a três semanas? «Custa não ir ao Mundial ainda por cima no Canadá, onde as condições são perfeitas. Mas isso está ultrapassado, estou com outros objectivos traçados: chegar em grande forma a Budapeste e depois tentar voltar a ir a Londres-
12. Aí a água deve ser ideal... muito fria», acrescenta com uma forte gargalhada.

Surpreso com Daniela
Lavrentyev tem sido a principal figura portuguesa nas águas abertas. Como vê a Selecção? «No último ano o nível cresceu muito e houve atletas a revelarem poderem complicar a vida a muitos a nível internacional. Em Israel o Diogo Gaspar mostrou que tem capacidade e em Setúbal o Hugo Ribeiro chegou em 11.º a um minuto atrás do vencedor».

Porém, no percurso para os Jogos de Pequim e até pouco antes do Mundial de Roma, Daniela Inácio foi constante presença nas viagens e provas internacionais. Será que Arseniy também ficou surpreendido por, em Julho do ano passado, a atleta do Belenenses ter abandonado a competição. «Foi uma surpresa total», responde de imediato. «Tinha muito jeito para as águas abertas, é pena que não tenha continuado. Mas é a vida dela e melhor do que ninguém sabe o que pode e quer fazer. Da mesma forma que eu já nem me imagino estar sem competir nas águas abertas. Mas a saída da Daniela foi grande perda para Portugal. Dava ideia que poderia ter ido muito longe».

Etiquetas: ,

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

És Grande Arsenyi.

quinta-feira, julho 22, 2010 10:46:00 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home