Pedro Fontoura Oliveira: “Faltava o espírito”

Texto por Miguel Candeias in Jornal A Bola de 16/11/2010
Único internacional do Belenenses, Pedro Fontoura Oliveira faz balanço após o fim da secção. No novo clube (CNA) nem mensalidade paga.

Três meses após o fim da secção de natação do Belenenses e numa altura em que se aproximam as duas primeiras grandes provas da temporada, Nacional individual e de clubes em piscina de 25 metros, a Bola foi falar com Pedro Fontoura Oliveira, 20 anos, único internacional dos azuis, para saber como foi o momento de saída para alguém que nadou 16 anos pelo emblema da Cruz de Cristo e como resolveu a vida.

A recuperar de complicada lesão num ombro, Pedro ainda foi desafiado a integrar um lote de nadadores a quem o clube apenas passou a emprestar o nome, mas que têm de suportar todos os encargos: treinador, aluguer de piscinas e deslocações. Com outros três colegas rumou à Amadora, onde reside o mais forte conjunto masculino em Portugal.

«A notícia da extinção da secção surgiu no final de Agosto mas, pelo que se vinha a passar, não posso dizer que fosse surpresa. Ainda assim foi um choque. Estava lá desde os quatro anos e foi no Belenenses que aprendi a nadar», refere sobre o fim da modalidade na emblemática colectividade do Restelo. «A equipa reuniu-se e procurámos continuar juntos. Houve até uma espécie de manifestação na piscina com simpatizantes da modalidade. Fez-se depois uma reunião com os membros da comissão de pais para serem expostas as hipóteses de futuro. Que eram algumas, dado existirem vários e bons clubes em Lisboa: Amadora, Benfica, Sporting, Algés, Colégio Vasco da Gama. A maioria procurou ver o que seria melhor para nos receber em peso, na tentativa de, tanto quanto possível, nos mantermos unidos. Já não éramos muitos, por isso, esse peso nunca seria muito grande», conta Pedro que com três colegas integrou o Natação da Amadora.

Neste último encontro da equipa foi grande o sentimento de tristeza? «Não muito. Era mais sentimento de raiva para com a prepotência da direcção, do que tristeza. Já estávamos mais ou menos conformados com o desfecho. Foi pena ter de sair ao fim destes anos todos, mas estou numa altura da carreira em que já não posso andar em experiências», responde.

Foi então por isso que não quis integrar esse grupo auto-suficiente? «Para mim aquilo já não era o Belenenses. E todos os que saíram pensavam assim. Era só o nome, faltava-lhe o espírito. E não me dava as condições de que necessito para atingir os objectivos que pretendo. Saltam de um lado para o outro para treinarem. Não foi por questões financeiras que mudei, mas têm sempre algum peso. E na Amadora não tenho de pagar qualquer mensalidade. No entanto, devo dizer que desejo toda a sorte à actual equipa do Belenenses, um clube onde sempre me senti em casa e fui bem tratado por toda a gente. Menos por certas direcções, mas isso já é outra história…»

Recebido de braços abertos
Da amizade com Poliakov à frustração por (ainda) não ter podido nadar pelo novo clube.

Antes de se decidir pelo Natação da Amadora, a sua primeira opção, Pedro Fontoura Oliveira ainda aguardou pelo rumo do ex-treinador do Belenenses, Slava Poliakov. «Esperei algum tempo, mas a partir do momento em que já não tinha hipótese de encabeçar a nova equipa técnica do Belenenses nem integrar nenhum clube perto, tive de tomar uma opção. Foi com agrado que soube que havia ido para treinador nacional de águas abertas na FPN e desejei-lhe toda a sorte nesta nova etapa», revela Pedro, que mantém grande amizade com Poliakov. Já na Amadora…

«Fui recebido de braços abertos. Até por ser mais próximo de casa, pareceu-me a melhor opção. O treinador [Filipe Coelho] tem provas dadas em resultados. Nos últimos Jogos teve três nadadores na Selecção. E é dos poucos clubes de Lisboa sem problemas de logística. A equipa é muito forte, competitiva, aspectos com que não contava há muito. E há pelo menos dez atletas que passaram pelo Belenenses. Infelizmente, devido à lesão no ombro que degenerou em tendinose [agravamento de tendinite] este ano não poderei ajudar o clube no Nacional. Vontade não me falta mas… terá de ficar para a próxima época.»

Plano e orçamento aprovados
Unanimidade na AG da FPN, aberta pelo presidente Paulo Frischknecht com note de solidez.

Com um total de 21 dos 31 delegados representando associações distritais e regionais, clubes, treinadores, atletas e árbitros presentes, bem como a maioria dos membros da Direcção, a Assembleia-Geral da Federação Portuguesa de Natação, reunida no último sábado num hotel de Lisboa, aprovou por unanimidade o Plano de Actividades e Orçamento para 2011. Orçamento que, nas palavras do presidente da FPN, Paulo Frischknecht, «pretende manter a solidez económica da Federação, procurando alcançar resultados positivos, sem pôr em causa o funcionamento operacional e institucional», conforme referiu na sua nota introdutória.

«O objectivo desta proposta de orçamento procura um compromisso entre a eficiência na utilização dos recursos e o desenvolvimento das actividades da FPN em 2011, com a manutenção de uma sólida capacidade financeira e consequente sustentação económica», reforçou o líder federativo. Tendo por meta a participação de equipas das diferentes disciplinas aquáticas em todas as provas continentais que dispute, Frischknecht esclareceu que a prioridade da sua direcção em 2011 será «evitar a descrença que atravessa o país real, tentando poupar a natação nacional às agruras que fustigam tantas áreas da sociedade portuguesa e restaurando a confiança indispensável à obtenção dos desejados resultados». Tudo isto sem perder de vista «a possibilidade de concretização dos projectos estruturais» assumidos pela actual direcção federativa, nomeadamente os que respeitam à sede social e centro de alto rendimento.