Texto de Miguel Candeias in Jornal A Bola de 29/09/2009 (
Clipping)
No congresso da FINA realizado no Mundial de Roma, em Julho, foi decidido que os fatos voadores deveriam acabar. A Federação Internacional estabeleceu 31 de Dezembro para o encerrar desse frenético período de ano e meio em que se bateram mais de 170 recordes do mundo, 43 deles nos oito dias dos Campeonatos em Itália. Porém, nas últimas semanas, houve federações que não estiveram para esperar por Janeiro de 2010 e face ao arranque da nova temporada, sobretudo em piscina curta, anteciparam as regras. Foi o caso de Canadá e Eslovénia, onde as normas já estão em vigor, e dos Estados Unidos, que as implementará em Outubro. França e China já as haviam tomado, enquanto a Holanda anunciou que os Nacionais de 25 m, em Dezembro, serão já disputados fora da era espacial.
A par desta crescente corrente a LEN anunciou, entretanto, que os Europeus de piscina curta de Istambul, também em Dezembro, decorrerão com os novos velhos fatos. E qual a posição da Federação Portuguesa? «Em Portugal a ideia é seguir as recomendações da FINA e a regulamentação para o efeito, o que significa que, a 1 de Janeiro, adoptaremos os novos fatos e o que está determinado para a utilização», começou por afirmar o presidente da FPN, Paulo Frischknecht, para logo de seguida acrescentar, «Até lá, a menos que haja uma proposta em sentido contrário dos clubes através das associações, a Federação não tomará qualquer iniciativa.
Do mesmo modo que a FINA alterou radicalmente a posição após ter ouvido o Congresso, entendemos que os principais agentes nesta situação devem ser os mobilizadores e fazedores de opinião. Temos Congresso em Novembro e se da parte das associações houver uma decisão em antecipar tal medida, a Federação irá respeitá-la. Mas, até agora, não houve das associações de atletas e treinadores, ou das associações, qualquer posição sobre a matéria.»
E como vê Frischknecht as decisões tomadas noutros países? «Vejo-as como uma manifestação pública de concordância com as iniciativas da FINA. Tanto assim que, de forma simbólica, antecipam a implementação.»
Simão a favor da antecipaçãoPresidente da associação dos nadadores alerta para época com dois fatos e os mínimos a exigir. A favor das novas regras para os fatos que, recorde-se, passam a ter de ser feitos exclusivamente em têxteis antigos, sem fechos, não podendo ultrapassar o umbigo e ir além do joelho nos homens, enquanto para as mulheres têm de terminar ao nível dos ombros, assim como dos joelhos, está o internacional Simão Morgado, presidente da Nadadores Portugueses Associados.
A minha opinião, que penso ser partilhada pelo resto dos membros da associação, é de que as normas deveriam ser já adoptadas. Não faz muito sentido estar-se a restringir a utilização dos fatos a meio da temporada. No espaço de tempo até Janeiro vão registar-se grandes marcas e depois já se sabe que existirá um decréscimo de resultados», refere o atleta do Natação da Amadora, alertando também para outro aspecto. «Temos ainda de ver quais os critérios que a Federação irá impor para os mínimos exigidos para campeonatos nacionais ou da Europa, sobretudo se as regras forem mudadas a meio. Logo esta época, em que há um Europeu e Mundial de piscina curta e um Europeu de longa. O que acontecerá aos que fizerem mínimos com os fatos que vão ser proibidos e depois tiverem de nadar com outros? Será melhor uma época em que todos nadem com os mesmos fatos.»
E está a NPA disposta a dar esse passo na Assembleia da Federação, marcada para Novembro? Morgado não recua: «Certamente que iremos apresentar uma proposta nesse sentido e só ainda não dissemos nada, porque pareciam existir dúvidas sobre as datas em que as normas entravam em vigor. No entanto, sabemos que a Federação é soberana nesta matéria.»