
Actualmente a representar o
Sport Algés e Dafundo, este atleta algarvio explica a mudança de clube e deixa no ar algumas explicações para tal facto. Actualmente está em representação de Portugal num estágio em Macau que precede o
Campeonato do Mundo de Piscina Curta em Xangai entre 5 e 9 de Abril onde irá nadar os 100L, 4x100L e 4x200L. Boa Sorte Miguel!
Seguidamente apresento a totalidade da entrevista dada ao
Jornal “O Louletano” no mês passado.
"Sinto-me inteiramente Louletano"Depois de anunciares o abandono da competição e teres deixado o Louletano Desportos Clube, qual o motivo que te levou a nadar pelo Algés e Dafundo?
O treinador convidou-me. Como tive alguns problemas em Loulé, queria continuar a fazer alguma coisa ao nível do desporto e o Algés era o clube mais próximo do sítio onde estava a residir, optei por ir. Lá tinha um grupo de amigos e pessoas que me motivavam a treinar. Já conhecia bem o Nuno Laurentino e o Duarte Mourão. O treinador conhecia das selecções. Criou-se um ambiente propício e um grupo giro, com objectivos bons.
Com que objectivo foste?Fui com o objectivo de nadar. Como tinha optado pelos estudos, queria apenas praticar desporto, sem pressões ou qualquer tipo de obrigatoriedade. Treinava uma vez por dia, o tempo que pudesse. Era um regime completamente liberal que me satisfazia porque não estava obrigado a nada. A adaptação foi fácil porque já conhecia a maioria das pessoas. As que não conhecia, aceitaram-me muito bem. Sentia-me em casa.
Continuas a achar que fizeste bem em deixar o Louletano?Tive muita relutância em deixar o meu clube. Mas, certas coisas deixaram de fazer sentido e contribuíram para que não me identificasse plenamente com o Louletano. Preferi tentar noutro sítio. Tentei aliar-me de certas questões que me estavam a causar incómodo no Louletano. Sempre tentei levar os objectivos a bom porto, tendo em conta que seria benéfico para mim e para todos que se empenhavam no projecto. Mas, quando há interesses no meio, as coisas complicam-se e não estava disposto a continuar. Não tive outra saída. Com muita pena minha tive que prescindir de representar o emblema da minha cidade berço. Apesar de representar um clube de Lisboa, sinto-me inteiramente louletano.
Mesmo treinando menos, conseguiste fazer o teu melhor tempo nos 200m livres, no Meeting de Tavira. Ficaste satisfeito?Foi surpreendente. Não estava à espera. Esse tempo dar-me-á para ser pré-convocado para o Campeonato do Mundo. Com os treinos que fiz, sabia que não tinha condições para fazer aquele tempo. Há certos acontecimentos que não conseguimos explicar. Se calhar, há métodos desportivos que ainda não estão comprovados.
Os métodos do treinador do Algés são muito diferentes dos do Louletano?Em termos de treino, há muitas diferenças. Cada treinador utiliza os métodos que acha mais adequados para cada atleta. A principal vantagem que noto em relação aos ritmos dos companheiros que tenho agora. No Louletano, era sempre eu que puxava pelos outros nadadores. No Algés, há atletas com igual ou maior ritmo que eu.
Como foi vencer o Campeonato Nacional de Clubes?Já tinha ganho na 3ª Divisão, quando estava no Louletano. Mas, lutar pelo pódio na 1ª Divisão foi diferente. Parecia agoniante nos primeiros dias. Em entrevista ao jornal «A Bola», o treinador do Algés Miguel Frischnecht, afirmou que tu e o Duarte Mourão vieram para o Algés “à procura do espírito e possibilidade de nadarem no clube com mais história na natação, com uma equipa onde pudessem bater recordes de estafetas e ganhar títulos colectivos atletas ”.
É verdade?
O Algés é um clube que tem história. Às vezes, nos treinos, faziam-me lembrar que não é um clube qualquer e o peso histórico que tem. O Algés tem um grande grupo de apoiantes. Assisti, esta época, a uma coisa que nunca pensei que existisse na natação. Uma pessoa que nos acompanhou durante todos os campeonatos. Um fanático pela natação e pelo Algés.
Quais os objectivos que tens traçados para a próxima época?Os mesmos que tinha quando iniciei esta. Ir nadando e depois tudo aquilo que vier da minha actividade melhor. Estou bem assim. A estudar mais e a praticar menos desporto, mas divertir-me em determinadas competições. Quem sabe se vou ter a oportunidade de ir ao Campeonato do Mundo, em Abril, em Xangai. O que me cativa é que a China é um sítio completamente diferente daqueles onde já estive. Mas, ainda não está nada decidido...
Como estão a correr os estudos?Estão a correr bem. Tenho mais tempo para estudar. Estou com os objectivos definidos e sem preocupações com a natação. Tenho tido mais tempo para aprofundar determinadas áreas de interesse e também mais tempo para mim e para os que me rodeiam. Já consigo passar mais fins-de-semana em Loulé.
Tens saudades das piscinas de Loulé?Gosto muito dos meus colegas, dos funcionários das piscinas e dos treinadores do Louletano. Mas, por muito que gostemos das pessoas, não podemos esquecer o que outras nos fazem. Em vez de nos fazerem sentir em casa, fazem com que haja um ambiente hostil. Às vezes, prefiro evitar esses ambientes. Sempre me sacrifiquei pelo Louletano. Quando sai foi porque achei que era a melhor hora de cortar o cordão umbilical e experimentar coisas novas.
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